“Papa Francisco tem insistido na cultura do encontro. A Pastoral da Comunicação, na minha opinião, tem de se tornar especialista na difusão dessa cultura na Igreja e na sociedade. Somos chamados a derrubar barreiras, a pavimentar caminhos e a criar pontes”. A declaração é do arcebispo de Diamantina (MG), Dom Darci Nicioli, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), promotora do 6º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação (Pascom) que começa às 19h desta quinta-feira, 19.
Com o tema “Comunicação e Igreja”, o encontro tratará da relação da comunicação com a Igreja. “Talvez pareça tema antigo, e é mesmo, mas sempre necessário e muito atual”, frisou o bispo. A comunicação é considerada por Dom Darci como um veículo importante de evangelização e que tem encontrado sustentação no meios digitais. Para o arcebispo, é necessário que a Palavra de Deus também se beneficie da revolução tecnológica para um maior alcance dos cristãos, especialmente os jovens. “A Igreja não vive fora do mundo, mas é servidora de Cristo para transformar o mundo”, lembrou.
Diante desta perspectiva acerca da comunicação, o bispo reafirmou o princípio da Pascom. “A Pastoral da Comunicação é uma pastoral a serviço de todas as outras pastorais da Igreja. É essa a sua identidade: tornar-se, criativamente, um serviço constante às forças vivas da comunidade”.
Dom Darci salientou a importância dos agentes que irão se reunir em Aparecida para o encontro. “[Eles] trazem consigo a vivência de suas comunidades espalhadas por todo o Brasil. E é importante que eles deixem essa vivência se manifestar nas partilhas, na convivência e nos debates que deverão ocorrer durante esses quase quatro dias de trabalho. Essa experiência que cada um traz da pastoral vivida em cada recanto desses País faz desse encontro um poço de graça e de enriquecimento para a caminhada da nossa Igreja”.
O 6º Encontro Nacional da Pascom contará com a presença de professores, doutores e especialistas que farão reflexões sobre comunicação e Igreja. “Um encontro nacional é tempo precioso que a Divina Providência nos oferece para crescermos na amizade, na partilha e na comunhão entre nós. Os participantes vão poder aproveitar desses quase quatro dias intensos. Teremos celebrações nas quais confirmaremos nossa caminhada de comunicadores cristãos, movidos pela fé. Ainda será possível participar de uma noite cultural na qual serão entregues os prêmios de comunicação da CNBB”, contou Dom Darci sobre a programação.
Fake News
Sobre o tema “Fake news” – notícias falsas —, tema da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações deste ano, o arcebispo reforçou a importância do debate acerca das notícias falsas e como ele pode contribuir para que os ambientes das comunidades não se transformem em campos de fofoca, maledicência e de maus sentimentos que distanciam a comunidade Igreja de uma convivência serena e pacífica.
“O combate à fake News começa com a nossa decisão de não levar para frente nenhuma conversa sobre a qual não temos certeza de sua veracidade. Isto também é importante para o processo democrático brasileiro: combater as fake news. Na internet, por exemplo, essas notícias ganharam espaço de sobra. Quanta gente anda compartilhando mentira! É preciso verificar se aquilo que estamos passando para frente tem fundamento. Para isso, é bom valorizar a profissão dos ‘guardiões da notícia’, os jornalistas. O Papa pediu isso em sua mensagem deste ano”, afirmou.
Cidadania e eleições
Além das “Fake news”, outro tema que será discutido durante o encontro será a corrupção. O assunto pertinente às eleições 2018 é, segundo Dom Darci, uma forma da Igreja auxiliar na formação para a cidadania.
“Estamos às portas de um período eleitoral e a Igreja também está preocupada com o modo como a comunicação está sendo exercitada para convencer as pessoas a votar num candidato ou noutro. É preciso insistir numa educação política de qualidade. É preciso conter essa onda de acreditar em tudo o que aparece em rede social como se fosse a verdade absoluta sobre as pessoas e as instituições. Tudo isso nos inquieta, como Igreja”, reforçou.
O arcebispo acrescentou ainda a importância da preparação para o voto consciente. “Creio que a reflexão que iremos fazer juntos sobre esse tema será de grande importância para a formação política dos nossos agentes da Pastoral da Comunicação”, concluiu.
Por Canção Nova